sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Prosseguir

Não volto para trás
Nem que à minha frente hajam brasas

Não volto para trás

Sigo o meu caminho com a obstinação da vida
E não volto para trás!

Tenho a minha força!
Tenho a minha fé!

Ainda que as lágrimas me pendam dos olhos
Que importam as lágrimas?

Orgulho-me da dor que me transporta
Da obstinação cega que me obriga a prosseguir
Prosseguir.
Prosseguir.

Não. Não volto para trás.
Tenho amor às minhas feridas
Aos meus rasgos de paixão

Sequer olharei para trás
Ainda que à minha frente
Haja a fogueira que me consome

Ainda que tudo mais não seja
Do que queimar os dias
Gritarei o elogio dessas chamas!

Que importa a dor?
Tenho os dias na carne
E depois?

Amo os dias do meu sangue
Amo-os inteiros

Pequenos vícios
Pequenos encantamentos

Sou feita de coisas pequenas
E depois?

De que tamanho serão as coisas pequenas?
De que tamanho fará sentido o amor?
De que tamanho são as coisas que importam?

Amo as minhas rugas
Os dias que passam
Os dias que venci

Venci.
Venci.
Venci.

E carrego-os a todos
Levo-os comigo
Morrerão comigo

Para além do que sou
Isto é meu!

Março/2006


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